As discussões sobre a próxima onda de serviços e produtos possíveis a partir do grande volume de dados gerados pelo Open Finance marcaram presença durante o Febraban Tech, realizado na última semana de junho em São Paulo. As expectativas do Banco Central (BC) são que o ecossistema de Open Finance no país aprimore o uso de dados abertos para implementar soluções inovadoras.
Durante o painel “Open finance e a evolução dos serviços agregados”, Matheus Rauber, assessor sênior no Departamento de Regulação do Banco Central do Brasil, ressaltou a evolução da indústria financeira nos últimos dez anos. No entanto, Rauber reforça a necessidade de inovar diante das possibilidades trazidas pelos dados abertos.
Segundo Rauber, o BC quer ver mais soluções de comparabilidade. Ele reconhece que houve um salto na evolução de serviços nos últimos dez anos:
— Vimos produtos desenvolvidos pelo mercado que não imaginávamos ser possíveis há dez anos. No Open Finance, as instituições financeiras estão muito focadas em novas implementações, mas ainda com pouco tempo para pensar em novas soluções. Sabemos também que elas estão se esforçando para vencer essa etapa de implementação. — afirma Rauber.
Para Ísis Galote, gerente de Estratégia do Itaú Unibanco, o grande volume de informação é um grande desafio. Galote ressalta que esse desafio aumenta à medida que o cliente espera mais agilidade na entrega de benefícios gerados pelo Open Finance.
Cristina Pinna, software Engineering Director do Bradesco, fez uma provação à plateia do painel sobre a renovação do consentimento para o compartilhamento de dados no ambiente do Open Finance.
“A taxa de renovação do consentimento ainda está baixa”, diz. Pinna atribui esse comportamento à baixa percepção de valor na entrega de serviços e produtos sob o ponto de vista do cliente.
Ecossistema mais colaborativo
Na avaliação de Helen Child, CEO e fundadora da Open Banking Excellence (OBE), o maior desafio para os bancos no ecossistema de Open Finance é aumentar a predisposição a atuar de forma mais colaborativa.
“A colaboração será chave no Open Finance. Quem adotar o sistema colaborativo terá mais poder no mercado”, afirma Child.
Nessa jornada colaborativa, as fintechs desempenham um papel primordial. Os debates durante o Febraban Tech apontam que é preciso unir o melhor dos bancos tradicionais, como confiança na gestão de risco, com as inovações trazidas pelas fintechs, como a agilidade em implementar soluções.
A mensagem-chave dos especialistas é que a colaboração deve se aliar a modelos de negócios sustentáveis. Caso isso não aconteça, muitos negócios terão a sobrevivência comprometida.
Para Rauber, o Open Finance vai surtir efeitos no médio e longo prazo, permitindo ganhos de eficiência e inclusão financeira. Essa evolução do Open Finance, segundo Rauber, vai se refletir consequentemente em um crescimento econômico para o Brasil.