Meio de pagamento instantâneo brasileiro fomenta novos modelos de negócios

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Dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), divulgados em julho, mostram que, entre março de 2021 e março de 2022, o número de usuários cadastrados no Pix cresceu 72%. Eram 29,6 milhões no primeiro trimestre de 2021, passando para 51 milhões de usuários cadastrados em março de 2022.

O sucesso na adesão ao Pix tem estimulado bancos digitais e fintechs a anunciarem novas formas de utilizar o meio de pagamento instantâneo. A mais recente permite que clientes parcelem valores transferidos, sem que tenham saldo em conta. A transação do Pix é feita baseada no limite de crédito concedido ao cliente.

Esse novo modelo de negócio é uma combinação de Pix e crédito. Os clientes parcelam o valor da transferência e pagam na fatura de um cartão de crédito, trazendo vantagens para consumidores e lojistas. Para traduzir os bastidores desses novos modelos de negócios que envolvem o Pix pós-pago, convidamos o André Fellin, da vertical de Crédito da Celcoin. Nessa entrevista, Fellin destaca como funciona a engrenagem do Pix pós-pago e o que é preciso saber para adotar o novo modelo de negócio.

Celcoin News: Quais as vantagens do Pix pós-pago? Por que aderir a essa modalidade?

André Fellin: No modelo anunciado pelo Nubank, em julho, o cliente pode fazer um Pix no Crédito. O cliente pode optar por essa modalidade quando quiser fazer um pagamento instantâneo, mas não tem saldo em conta. É ainda uma forma de barganhar, com o lojista, um desconto com o pagamento à vista. Há situações também em que só é aceito o pagamento à vista, não há como usar o cartão de crédito. Ou até mesmo quando o cliente precisa transferir dinheiro para outra pessoa, mas não quer prejudicar seu saldo em conta.

Celcoin News: Do ponto de vista do lojista, qual o maior ganho?

André Fellin: Para quem recebe o pagamento, o Pix pós-pago traz vantagens por eliminar tarifas embutidas nas transações com cartão de crédito. O lojista recebe instantaneamente, sem pagar taxas. É muito mais simples.

Celcoin News: Quem pode oferecer o serviço de Pix como uma forma de financiamento?

André Fellin: Basicamente qualquer empresa que queira atuar como credora de sua base de clientes e possua capital necessário para tal. A empresa também precisa ter a licença regulatória específica para operar (seja própria ou de uma instituição financeira parceira). Estamos ajudando algumas dessas empresas a lançarem produtos semelhantes a este, em que é gerado um contrato de dívida, chamado de Cédula de Crédito Bancário (CCB). Esse contrato é firmado entre a instituição credora e o cliente, baseado em uma solicitação de Pix. Para quem oferta o serviço, é uma forma de monetizar as transações com a cobrança de juros e tarifas.

Celcoin News: Qual o passo a passo dessa jornada?

André Fellin: Para entender como isso é possível, criei um passo a passo, baseado na perspectiva do cliente. 

O usuário vai se cadastrar na plataforma da empresa que está concedendo o crédito e recebe um determinado valor como limite. Terminada essa etapa, ele pode solicitar uma transação realizada por Pix (seja por QR code ou chave). Caso o Pix seja válido e o valor solicitado para transação esteja dentro do limite, o sistema gera simulações e devolve as opções de parcelamento ao usuário.

A partir do aceite do usuário, o sistema solicita uma emissão de CCB, que é tipo de um título de crédito extrajudicial, em nome do usuário com o valor da transação, com acréscimo de tarifas e juros. O cliente assina a CCB na tela do aplicativo, e o sistema realiza o pagamento do Pix por meio de APIs específicas para cash-out. Tudo isso acontece em segundos, porque existem APIs especializadas para cada etapa deste processo.

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