Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) têm experimentado um crescimento significativo no Brasil nos últimos anos, impulsionados por um ambiente regulatório favorável e uma demanda crescente por alternativas de investimento em renda fixa.
Os FIDCs são fundos que investem em direitos creditórios, como recebíveis de empresas, oferecendo uma alternativa de investimento em renda fixa com retorno ajustado ao risco. Esses fundos têm se tornado cada vez mais populares entre os investidores, especialmente em um cenário econômico onde a Selic alta torna os investimentos em renda fixa mais atraentes.
Crescimento dos FIDCs no Brasil
De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os FIDCs registraram um aumento de 86,1% na captação em 2024, atingindo R$ 81,4 bilhões, em comparação aos R$ 43,7 bilhões captados em 2023. O número de operações também cresceu 56,4%, totalizando 918 no período.
Esse crescimento expressivo indica um maior acesso de empresas de menor porte ao mercado de capitais por meio dos recebíveis. O volume médio de R$ 88,7 milhões por ativo sugere que as operações estão pulverizadas, evidenciando a democratização do acesso ao crédito.
Além disso, houve um aumento significativo na participação de pessoas físicas como cotistas de FIDCs. Em 2024, o número de investidores individuais cresceu 70% em relação ao final de 2023, alcançando cerca de 37,8 mil pessoas.
Essa mudança pode ser atribuída à Resolução 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que ampliou o acesso desse produto a um público mais amplo, anteriormente restrito a investidores profissionais e qualificados.
Supervisão e regulação dos FIDCs
Em resposta ao crescimento e à importância crescente dos FIDCs, a CVM e a Anbima ampliaram seu acordo de cooperação técnica para incluir a supervisão desses fundos. A medida, que entrou em vigor em janeiro de 2025, visa otimizar as atividades de autorregulação na indústria de fundos de investimento, garantindo maior eficiência e transparência no mercado.
As atividades previstas no acordo incluem a realização de filtros rotineiros para verificar o cumprimento das regras de autorregulação, envio de pedidos de informação aos prestadores de serviços dos fundos e acompanhamento de notícias e fatos relevantes. Essas ações buscam prevenir eventuais violações e assegurar a integridade do mercado de FIDCs.
O papel do crédito digital
Paralelamente ao crescimento dos FIDCs, o mercado de crédito digital no Brasil tem se expandido rapidamente. Fintechs concederam R$ 21,1 bilhões em crédito em 2023, um aumento de 52% em relação ao ano anterior.
Esse crescimento reflete a resiliência e a capacidade de adaptação dessas empresas, mesmo em um ambiente econômico desafiador.
As fintechs podem utilizar os FIDCs como uma ferramenta para securitizar suas carteiras de crédito, aumentando sua capacidade de concessão e diversificando fontes de financiamento.
Essa integração permite que as fintechs ampliem sua oferta de crédito sem necessariamente aumentar sua exposição ao risco. Ao securitizar suas carteiras por meio de FIDCs, essas empresas conseguem captar recursos no mercado de capitais, oferecendo aos investidores uma nova classe de ativos com potencial de retorno atrativo.
Oportunidades no mercado de crédito
- Diversificação de investimentos: os FIDCs permitem que os investidores diversifiquem suas carteiras, reduzindo a dependência de ativos de renda variável e aproveitando a estabilidade da renda fixa.
- Financiamento empresarial: as empresas utilizam os FIDCs como uma fonte de financiamento alternativa, principalmente em um cenário onde os bancos tradicionais estão apertando os cintos para emprestar recursos.
- Crédito digital: embora os FIDCs não sejam diretamente relacionadas ao crédito digital, elas contribuem para o desenvolvimento do mercado de crédito estruturado, sendo um recurso complementar ao crédito digital ao oferecer soluções inovadoras e ágeis para o financiamento empresarial.
Segmentos promissores para FIDCs
Os FIDCs estão presentes em vários segmentos promissores do mercado de crédito, como:
- Imobiliário: os FIDCs são usados para financiar projetos imobiliários, oferecendo uma alternativa de investimento em um setor que tradicionalmente requer grandes volumes de capital.
- Capital de giro: empresas de todos os portes utilizam FIDCs para antecipar recebíveis e garantir capital de giro, ajudando a manter a liquidez e a estabilidade financeira.
- Cartão de crédito e precatórios: os FIDCs também são aplicados em operações de cartão de crédito e compra de precatórios, permitindo que as empresas obtenham financiamento para suas operações.
Investimento de pessoas físicas em FIDCs
O investimento de pessoas físicas em FIDCs tem crescido significativamente. Em outubro de 2024, o volume investido alcançou R$ 15,98 bilhões, um aumento de 115,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
A fatia dos FIDCs na carteira dos brasileiros ainda é pequena, atingindo cerca de 2,66% dos R$ 7,24 trilhões aplicados em produtos financeiros. Ou seja, há uma grande possibilidade de crescimento deste mercado para os próximos anos.
Mudanças regulatórias
A entrada em vigor de mudanças na Resolução 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permitiu que os FIDCs sejam acessíveis ao varejo, não apenas a investidores qualificados. Isso ampliou o acesso a esses fundos para um público mais amplo, contribuindo para o crescimento do segmento.
Nesse sentido, para 2025 as perspectivas para os FIDCs são otimistas. O mercado de FIDCs deve continuar crescendo, impulsionado por um ambiente regulatório favorável e uma demanda crescente por investimentos em renda fixa. Com mais de R$ 550 bilhões sob gestão, o mercado de FIDCs pode atingir R$ 2,1 trilhões até 2029.
Embora o crédito digital não seja diretamente relacionado aos FIDCs, ambos contribuem para a transformação do mercado de crédito, oferecendo soluções inovadoras e ágeis para o financiamento. À medida que o setor financeiro continua a evoluir, a combinação de crédito digital e FIDCs pode impulsionar ainda mais o crescimento e a diversificação do mercado de crédito no Brasil.
Em resumo, os FIDCs são uma peça-chave no mercado de crédito, proporcionando oportunidades tanto para investidores quanto para empresas. Com o crescimento contínuo e a expansão do acesso a esses fundos, elas prometem desempenhar um papel ainda mais relevante na economia brasileira nos próximos anos.
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