Nos últimos anos, as estratégias de ESG têm tomado um papel prioritário dentro de grandes empresas de diversos segmentos. A sigla, que é uma redução de Environmental, Social and Governance, diz respeito à implementação de boas práticas de sustentabilidade nas atividades de uma corporação. E o conceito vai muito além das preocupações com a preservação ambiental: ele inclui também a sustentabilidade social, isto é, a capacidade das empresas de causarem impactos positivos nas comunidades em que estão inseridas.
Embora os movimentos em defesa de um mundo mais sustentável já existam há algum tempo, o cuidado com as práticas sociais, ambientais e de governança tem se popularizado recentemente entre os acionistas. Portanto, o alinhamento a esses ideais vem se tornando um dos principais pilares capazes de conferir credibilidade às empresas e aumentar o potencial delas na bolsa de valores.
Uma das maiores provas dessa relevância é o fato de que, só em 2020, surgiram 85 fundos classificados como sustentáveis no Brasil, responsáveis por movimentar cerca de R$ 2,5 bilhões. Segundo os dados da Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 22 novos fundos receberam o título de Investimento Sustentável somente no primeiro semestre de 2022. Foi para mensurar o desempenho das empresas consideradas sustentáveis que se criou o ISE B3, sigla para Índice de Sustentabilidade Empresarial, indicador usado como referência em avaliação de investimentos social e ambientalmente responsáveis no Brasil.
O compromisso com a agenda mundial de desenvolvimento sustentável tem exercido uma influência especialmente forte sobre as corporações do setor financeiro. Algumas das maiores empresas de gestão de ativos do mundo, como a BlackRock, já têm se recusado a investir em empresas que não integrem as práticas de ESG às suas atividades.
Portanto, a tendência é que, nos próximos anos, a atuação sustentável se torne praticamente um pré-requisito para ganhar espaço no mercado. Entre as iniciativas alinhadas ao ESG, estão a redução da emissão de gases poluentes, a transparência na gestão, os esforços pela inclusão social e muitas outras ações que devem cada vez mais se tornar default (padrão) na indústria, segundo Carlos Takahashi, chairman do braço brasileiro da BlackRock.
No Brasil, a pauta também tem ganhado destaque, como ficou evidente no evento Torq Talks, promovido neste ano pelo núcleo de inovação da Sinqia. A discussão de ESG como estratégia de negócio no mercado financeiro foi o tema do evento, que reuniu grandes nomes do setor. Na ocasião, um dos destaques do painel “Finanças sustentáveis, qual o caminho?” foi a visão de Adriano Meirinho, CMO da Celcoin, sobre o tema. Ele trouxe à tona o papel exemplar que a empresa tem exercido como propagadora da inclusão financeira no Brasil: “hoje, já vemos que as fintechs puxam o mercado para uma conscientização diferente. O mundo das finanças sustentáveis está se destacando cada vez mais”.