Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2024, realizada pela ABCD e PwC Brasil, aponta que 53% das empresas do setor planejam investir em IA nos próximos dois anos. Para Thiago Zaninotti, CTO da Celcoin, a mudança imediata será a capacidade de cada instituição financeira de considerar cada CPF e CNPJ de forma hiperpersonalizada.
Desde que foi apresentada ao grande público, a inteligência artificial (IA) generativa virou hype. De fato, ainda que a IA tradicional esteja na pauta de tecnologia há décadas, sua mais nova evolução chama atenção pelo seu poder de disrupção. Para o setor de meios de pagamentos, a IA generativa promete ser uma grande catalisadora de uma nova revolução nos pagamentos.
As fintechs de crédito brasileiras nasceram empregando as mais recentes tecnologias em suas operações e têm hoje a IA como ferramenta central para aprimorar seus negócios, segundo apontou a Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2024, realizada pela Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) e pela PwC Brasil.
Metade (53%) das empresas do setor planeja investir em IA nos próximos dois anos. Depois da IA, as tecnologias que mais aparecem no planejamento estratégico das fintechs são machine learning/deep learning com 23% e blockchain/distributed technologies com 18%. A IA permanece central na estratégia das fintechs, mas a pesquisa apontou que, agora, o foco está em melhorar o relacionamento com o cliente, explorando os recursos da IA generativa.
Para Thiago Zaninotti, CTO da Celcoin, a mudança imediata será a capacidade de cada instituição financeira de considerar cada CPF e CNPJ de forma hiperpersonalizada. “Isso permitirá que, em diversas frentes, como a transacional, possamos prevenir fraudes. A oferta de novos produtos será melhorada e poderá acompanhar a maneira com que o cliente recebe produtos e orientações, mais alinhados ao seu caso de uso”, afirma.
Zaninotti destacou que existe uma enorme oportunidade de conceder crédito de maneira mais responsável, com um spread menor e a capacidade de atender o cliente dentro do seu caso de uso específico.
Nessa linha, a pesquisa revelou que as fintechs estão focando em inteligência artificial generativa, dedicando 64% dos recursos para financiar suas operações de crédito e alinhando suas taxas de juros com as do mercado.
“A IA generativa abre a fronteira da hiperpersonalização das finanças, com foco em pelo menos três grandes áreas: prevenção de fraudes, oferta de produtos personalizados e redução do spread de crédito, tornando o empréstimo mais responsável.”
A 4ª edição do estudo sobre o segmento de fintechs de crédito no Brasil teve como base respostas fornecidas por executivos de 40 empresas do setor. Entre as conclusões, a pesquisa apontou que o setor de crédito digital já emprega IA para modelagem e avaliação de crédito, com o objetivo de determinar adequadamente a elegibilidade do consumidor ao crédito e as taxas mais adequadas a serem cobradas.
Além disso, com a chegada da IA generativa, o foco do uso da tecnologia se deslocou para automação de processos, especialmente em funções voltadas ao atendimento ao consumidor. A expectativa é que robôs respondam de forma contextualizada às dúvidas dos usuários.
O estudo salientou ainda que, enquanto outras tecnologias, como o blockchain, enfrentam uma queda de interesse devido a desafios regulatórios e um mercado complexo, a IA se mantém como um pilar central das apostas tecnológicas das fintechs nos próximos dois anos. Ela não só continua a aprimorar a tomada de decisões, mas também está revolucionando o relacionamento direto com o consumidor e aumentando a eficiência operacional das empresas, diz a pesquisa.
Na avaliação de Claudia Amira, diretora-executiva da ABCD, “as inovações tecnológicas sempre desempenharam papel importante no modelo de negócio das fintechs de crédito, possibilitando a entrega de soluções e produtos disruptivos”. Para ela, com a expansão do uso da IA e a entrada dos recursos de IA generativa, o setor de crédito digital seguirá impulsionando a transformação digital financeira.