Grande parcela da população desbancarizada coloca país no radar de investidores, mas descortina desafios da segurança da informação
Fenômeno global, o conceito de Open Banking está quebrando paradigmas ao colocar o cliente de instituições financeiras como protagonistas, com poder de decidir quem pode ter acesso a seu histórico financeiro. No Brasil, o processo de implementação do Open Banking, coordenado pelo Banco Central, está dividido em quatro etapas, com término previsto para 15 de dezembro de 2021.
Embora alguns especialistas apontem como ousado o prazo para que o Open Banking se transforme em realidade no dia a dia dos brasileiros, há quem enxergue um desafio ainda maior nesse processo: a quantidade de desbancarizados no país.
Não há um consenso sobre o número exato de desbancarizados no Brasil. Estima-se que cerca de 21% da população brasileira (aproximadamente 210 milhões) não movimente conta bancária ou prefira nem ter conta em banco. Um dos últimos levantamentos foi feito pelo Instituto Locomotiva. Em agosto de 2019, o Instituto publicou uma pesquisa revelando 45 milhões de brasileiros que não movimentaram conta bancária nos últimos seis meses ou optaram por não ter conta em banco. Esse grupo, segundo o Instituto Locomotiva, movimenta mais de R$ 800 bilhões por ano.
A pandemia de Covid-19 diminuiu o grupo dos desbancarizados, segundo estudo “Aceleração da inclusão financeira durante a pandemia da Covid-19”, elaborado pela Americas Market Intelligence com a Mastercard. O levantamento aponta que o número de brasileiros desbancarizados diminuiu 73% entre maio e outubro de 2020. Esses resultados são reflexo das medidas de distanciamento social necessárias para a prevenção do contágio de Covid-19 e do auxílio emergencial.
Diante desse cenário, de acordo com Zaninotti, grandes empresas do sistema financeiro em todo o mundo apontam o Brasil como a próxima grande fronteira do Open Banking. Zaninotti ressalta que há um longo caminho em fomentar o interesse dessa parcela de desbancarizados em participar do processo, além dos desafios de segurança em um ambiente aberto.
Por outro lado, Zaninotti diz que o processo de Open Banking no Brasil também chama atenção de investidores por representar uma enorme oportunidade de crescimento para bancos médios e bancos digitais. Segundo o CTO da Celcoin, a maioria dos bancos de médio porte e bancos digitais já vem se preparando para a adoção do Open Banking com investimentos em recursos sofisticados de segurança da informação.
“Teremos uma diversificação maior no mercado financeiro. Quem vai ganhar é o cliente, com serviços mais diversificados, custos mais atrativos e qualidade cada vez maior. É uma oportunidade de aumentar e melhorar a competitividade”, afirma Zaninotti.
Com relação aos requisitos de segurança, o CTO da Celcoin lembra que, a resolução do CMN nº 4.893 de 26/02/2021, estabelece exigências iguais para qualquer instituição financeira autorizada pelo Banco Central no que se refere à contratação de serviços baseados em computação na nuvem.
“O nível de exigência do Banco Central é igual, seja para um banco de grande porte ou um banco digital”, completa Zaninotti.