Open Finance 2025: portabilidade de crédito é a próxima disrupção do Sistema Financeiro Aberto
Se depender do Banco Central do Brasil (BC), a jornada para a concessão de diferentes modalidades de crédito no país será simplificada pelo Sistema Financeiro Aberto, o Open Finance, ainda em 2025. A portabilidade de crédito está no radar do regulador para que o consumidor tenha condições de analisar as melhores condições de financiamento disponíveis no mercado.
A abertura dos dados relacionados à concessão de financiamentos dará ao cliente uma visão mais ampla e simplificada sobre melhores condições de pagamento, juros mais competitivos e prazos mais adequados ao seu momento de vida. A expectativa do BC é iniciar gradativamente essa jornada, com produtos mais simples, como empréstimos pessoais. A meta é abranger todos os produtos, até os mais complexos, com os financiamentos imobiliários.
Em diversas oportunidades, o BC já divulgou que o crédito é o carro-chefe entre as portabilidades previstas no ambiente de Open Finance. O trabalho do regulador está centrado em derrubar barreiras burocráticas e eliminar as fricções que ainda persistem nas iniciativas de portabilidade que já estão em andamento no Brasil. Paralelamente, o BC também pretende reforçar os requisitos de governança do Open Finance para que uma maior parcela da população possa se beneficiar das facilidades oferecidas pelo sistema financeiro aberto.
Para os especialistas em crédito, a portabilidade no ambiente do Open Finance vai fomentar a competição no segmento e estimular os consumidores a buscarem mais informações sobre a modalidade. Sob o ponto de vista das instituições que concedem os financiamentos, essa jornada traz muitas oportunidades, mas também inúmeros desafios.
Entre as principais oportunidades de negócio para as instituições financeiras, a partir da implementação da portabilidade de crédito, estão a busca por maior eficiência operacional, a oferta de produtos mais personalizados e a ampliação da carteira de crédito. Por outro lado, para que essa entrega aconteça, há desafios que passam pela adaptação da tecnologia e a conformidade regulatória.
Para detalhar as novidades previstas na agenda do Banco Central sobre a nova jornada de crédito no Brasil, a cel_news conversou com Thiago Zaninotti, CTO da Celcoin. Nessa entrevista, Zaninotti explica o que é possível esperar sobre os próximos passos da jornada de portabilidade.
Blog Celcoin: Na prática, como a portabilidade de crédito funciona?
Thiago Zaninotti: A portabilidade de crédito no ambiente Open Finance permite que o consumidor possa avaliar de uma forma mais fácil qual o melhor cenário para a dívida que ele contraiu. Ao verificar as condições ofertadas no mercado, esse consumidor pode migrar empréstimos e financiamentos já contratados para outra instituição que ofereça mais facilidades na quitação, o que inclui juros mais baixos e prazos diferenciados.
Blog Celcoin: Como a portabilidade pode tornar a concessão de crédito mais ágil?
Thiago Zaninotti: Tradicionalmente, a análise de crédito não é uma operação simplificada. Pode demorar semanas. Com os processos estabelecidos e regulados, a portabilidade do crédito no ecossistema do Open Finance, mediante o consentimento de consulta de dados pelo cliente, encurta o tempo de análise. Essa agilidade vai tornar o mercado mais competitivo e quem ganha é o consumidor.
Do lado de quem concede crédito, as carteiras poderão ser ampliadas. Há uma expectativa também em relação a uma eventual diminuição das taxas de inadimplência, uma vez que o tomador do crédito selecionará as condições mais favoráveis para a quitação da dívida.
O sistema ainda prevê a criação do Encaminhamento de Proposta de Crédito (EPOC), que é um processo semelhante ao já existente no Open Finance, com a atuação da Sociedade Processadora de Ordem do Cliente (SPOC). Com o EPOC instituído, um correspondente bancário terá competência para enviar os dados aprovados pelo cliente, pessoa física ou jurídica, a um grupo composto por instituições que concedem crédito.
Essas instituições terão oportunidades iguais de consultar esses históricos consentidos pelo consumidor. A partir dessa análise, elas poderão oferecer um produto de crédito mais personalizado e compatível com a realidade financeira daquele consumidor. O diferencial é que o consumidor vai enxergar essas ofertas de forma padronizada, o que simplifica a análise e, consequentemente, a comparação de taxas, prazos e outras condições.
Blog Celcoin: Nesse cenário de ampla concorrência, quais são os novos desafios para as instituições financeiras?
Thiago Zaninotti: Não há dúvidas de que a portabilidade do crédito será um ambiente favorável para os dois lados da moeda. Enquanto o cliente terá condições mais atraentes, as instituições financeiras serão estimuladas a aumentarem sua eficiência operacional e sua criatividade no desenvolvimento de produtos mais personalizados, a partir da combinação de dados compartilhados no ambiente do Open Finance. Esses fatores certamente contribuirão para a ampliação das carteiras de crédito, de uma forma geral.
Por outro lado, para que toda essa engrenagem alcance seus objetivos, as instituições financeiras terão que reforçar os investimentos em tecnologia e segurança de dados. Todo o ecossistema de APIs, as interfaces de programação de aplicação, que são o coração do Open Finance, precisam ser constantemente atualizadas e testadas.
Quando as APIs não estão funcionando perfeitamente, não há como efetivar as trocas de informações para atender aos requisitos regulatórios. Então, os investimentos em infraestrutura de APIs são imprescindíveis, uma vez que a implementação da portabilidade exigirá atualizações e adaptações constantes desta infraestrutura, tanto na parte tecnológica como no operacional.
Outro ponto nevrálgico dessa operação diz respeito aos requisitos de segurança de dados. As instituições também terão que ser ainda mais diligentes nos esforços para garantir que o processo de portabilidade ocorra em um ambiente com requisitos atualizados de segurança e atenda às diretrizes do BC.
Blog Celcoin: Como a Celcoin está se preparando para atuar no ecossistema que permite a portabilidade de crédito?
Thiago Zaninotti: Desde o início da jornada do Open Finance no Brasil, a Celcoin tem se destacado por oferecer uma infraestrutura robusta e segura de tecnologia e por desbravar o mercado nacional de embedded finance, com soluções completas para a jornada de crédito.
Da originação à recuperação, a infraestrutura desenvolvida pela Celcoin pode ampliar a eficiência de todos os players, desde as instituições financeiras aos credores que atuam no modelo CaaS (Credit as a Service).
A Celcoin está preparada para oferecer infraestrutura em todas as etapas que envolvem o crédito, da concessão à recuperação. Um dos nossos diferenciais é atuar como um hub de tecnologia que privilegia requisitos de segurança, governança e conformidade regulatória. Isso é possível em um ambiente diverso, que abrange soluções para pessoa física e jurídica, setor público ou privado, de natureza bancária ou mercantil. Outro diferencial da Celcoin é auxiliar os parceiros e clientes a manter a conformidade regulatória. Nossa infraestrutura Banking as a Service (BaaS) nos permite atender demandas de empresas reguladas, como bancos e Sociedade de Crédito Direto (SCDs), e de empresas não financeiras (varejistas, marketplaces, etc.)