Após quatro anos do lançamento, o sistema financeiro aberto registra 2,3 bilhões de comunicações bem-sucedidas todas as semanas
Lançado em 2021 pelo Banco Central do Brasil (BC), o Sistema Financeiro Aberto, também conhecido como Open Finance, alcançou 62 milhões de consentimentos no começo de 2025, um salto de 44% na comparação com os 43 milhões de janeiro de 2024. São 2,3 bilhões de comunicações bem-sucedidas semanalmente.
O Open Finance parte da premissa que o cliente bancário é o dono dos seus próprios dados; e não o banco. Assim, o sistema facilita o compartilhamento dessas informações, para que elas se tornem uma ferramenta de oferta de produtos e serviços financeiros com melhor qualidade e condições mais vantajosas.
O sistema trabalha por meio de interfaces de programação de aplicações (APIs), que fazem a conexão entre as instituições participantes e permitem a troca de informações entre elas de uma maneira padronizada. O cliente dá o seu consentimento para o compartilhamento de suas informações, que deverão ser usadas pela instituição somente para a finalidade específica na qual foi autorizada e dentro de um período escolhido, não podendo qualquer instituição fazer o uso das informações para outra finalidade.
O último ano foi marcado pelo lançamento de funcionalidades de pagamentos recorrentes. Desde abril de 2024, os clientes já podem programar transferências automáticas entre suas contas em instituições diferentes e, assim, evitar, por exemplo, entrar em cheque especial. Também foi adicionada a funcionalidade de agendamento recorrente de valor fixo, permitindo que os clientes possam programar transferências recorrentes de mesmo valor, o que facilita o pagamento de custos periódicos e fixos.
As instituições financeiras associadas à Federação Brasileira de Bancos (Febraban) investiram cerca de R$ 2 bilhões no projeto. Além disso, 150 colaboradores de bancos associados atuam ativamente na convenção do Open Finance, com o suporte de mais de 200 profissionais envolvidos nas agendas. E uma governança interna conta com 22 grupos, que, em 2024, totalizaram aproximadamente 870 horas dedicadas a reuniões e elaboração de propostas para apoiar a implementação.
Em nota, a diretora-adjunta de inovação, tecnologia e cibersegurança da Febraban, Carolina Sansão, destacou que o Open Finance brasileiro já é o maior do mundo, tanto em escopo de dados como em volume de chamadas. Ela ressaltou que uma das prioridades para 2025 será a implantação da estrutura de governança definitiva.
No início de julho de 2024,o Banco Central anunciou a ampliação do escopo de instituições participando do ecossistema de Open Finance e aprovou a sua estrutura definitiva de governança, para ter personalidade jurídica e estrutura organizacional próprias, com regulamentação e CNPJ, substituindo a estrutura provisória.
Dessa forma, cabe à Estrutura de Governança ser responsável pelo processo de implementação do Sistema Financeiro Aberto no País. Esse órgão passa a reunir as entidades de classe mais representativas das instituições que compartilham dados e serviços no escopo do Open Finance e contempla, em sua composição, três níveis: órgão de governança (assembleia); órgão de direção superior (conselho de administração); e diretoria (secretariado e grupos técnicos).
O que será novidade
Além da estrutura, o quinto ano de Open Finance no Brasil deve ser marcado por evoluções e melhorias. Uma delas é o Pix Automático, um mecanismo similar ao débito automático, que permitirá aos clientes autorizarem débitos automáticos recorrentes para pagamentos de contas.
A jornada sem redirecionamento também está na pauta e preconiza uma jornada de vínculo entre dispositivo, Iniciador de Transação de Pagamento (ITP) e banco, permitindo débitos em contas dos clientes até um determinado valor sem a necessidade de autenticação no banco a cada pagamento solicitado pelo cliente — algo que deve ser especialmente útil para pagamento de serviços de delivery.
Questões relacionadas a crédito estão no radar do regulador. Com o Open Finance, as instituições poderão ofertar a portabilidade de crédito pessoal sem garantia em uma jornada mais digital e utilizando os dados compartilhados para melhorar a troca de informação. O processo atual de portabilidade de crédito continuará existindo nos moldes atuais, com o previsto via Open Finance se tornando mais uma alternativa ao cliente.