A eficiência do Open Finance no Brasil pode ser comprovada pelo acréscimo de chamadas de APIs (do inglês Application Programming Interface) bem-sucedidas. Em 2021, foram 421,6 milhões, o significa um incremento de 167% em relação a 2020, que somou 157,8 milhões de chamadas de APIs. Os dados contemplam estatísticas feitas por sete bancos e fazem parte do terceiro volume da Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2022. O estudo, realizado pela Deloitte, foi divulgado em julho.
Dados da pesquisa apontam que, paulatinamente, consumidores vem consentindo o compartilhamento de dados entre os bancos integrantes do Open Finance. Com relação às pessoas físicas que consentiram a exposição de seus dados, o estudo mostra um crescimento de 18% desses usuários entre dezembro de 2021 e abril de 2022. No mesmo período, para pessoas jurídicas, o incremento foi de 60%.
Em dezembro de 2021, 548 mil usuários do grupo pessoas físicas haviam concordado em compartilhar dados bancários. Em abril de 2022, o sistema financeiro aberto registrou 644 mil usuários que autorizaram o compartilhamento de seus dados financeiros. Entre pessoas jurídicas, houve um salto de 2,5 mil, em dezembro de 2021, para 4 mil, em abril de 2022.
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os clientes de instituições financeiras que já aderiram ao Open Finance têm optado por compartilhar, sobretudo, dados transacionais. Esse grupo inclui informações sobre conta corrente, cartão de crédito e operações de crédito (como direitos creditórios descontados, financiamentos, adiantamentos a depositantes e empréstimos).
No movimento de adesão ao Open Finance, o maior estímulo desses usuários é obter benefícios em taxas e serviços do ecossistema bancário. A pesquisa da Febraban destaca que o compartilhamento de dados referentes a contas bancárias (limite, saldo, extrato, etc.) aumentou entre dezembro de 2021 e abril de 2022 nos grupos de pessoas físicas e jurídicas.
Entre pessoas físicas, após a troca de dados sobre contas bancárias, o segundo maior compartilhamento está relacionado a cartões de crédito, passando de 20% do total de dados compartilhados em dezembro de 2021 para 22% em abril de 2022. Já no grupo de pessoas jurídicas, depois do compartilhamento de dados sobre contas correntes, o maior interesse no Open Finance está relacionado a operações de crédito. Em dezembro de 2021 eram 28%, passando para 30% em abril de 2022.
Sérgio Biagini, sócio-líder da Deloitte para a indústria de serviços financeiros, diz que o compartilhamento de dados aumentará a partir do momento em que o cliente identifique a possibilidade de obter valor com comodidade.
“O nível de compartilhamento dos dados tende a aumentar à medida que o ecossistema demonstre valor ao cliente final. Ou seja, o consumidor tem que perceber os benefícios do Open Finance, como, por exemplo, a facilidade de consolidação e organização dos seus dados financeiros que lhe proporciona uma melhor experiência bancária”, destaca Biagini.O estudo revela ainda que 95% dos consumidores do grupo pessoa física têm preferência em dar o consentimento por 12 meses para compartilhamento de dados no Open Finance. Entre pessoas jurídicas, o percentual fica em 92% também para 12 meses.
Open Insurance
Com relação ao Open Insurance, a pesquisa também aponta uma transformação na oferta de seguros, seguindo o caminho da digitalização. Entre 11 bancos, quase um terço pretende investir em insurtechs, startups do setor seguros, ainda em 2022. O foco das instituições está na inovação de produtos, cobertura de novos riscos e personalização de canais e produtos.
Entre as instituições financeiras que já estão no caminho de transição para o Open Insurance, a maioria (54%) têm como foco a inovação de produtos, a cobertura de novos riscos e a personalização de canais e produtos para cliente. Para 46%, a jornada do Open Insurance está diretamente relacionada à adoção de analytics na tomada de decisões. Entre 38% das instituições ouvidas, o Open Insurance abre caminhos para o desenvolvimento de negócios digitais.
Confira aqui o terceiro volume da Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2022.