Os serviços financeiros e bancários estão cada vez menos condicionados aos bancos. Nos últimos tempos, o avanço acelerado do embedded finance tem proporcionado transformações disruptivas na lógica financeira dos mais diversos setores da economia. É a revolução trazida pelas finanças integradas, por meio das quais é possível embutir produtos financeiros em plataformas originalmente voltadas para outros tipos de atividade. Nos próximos anos, esse fenômeno deve ganhar ainda mais força.
Isso é o que indica o levantamento recentemente divulgado pela Deloitte, companhia global especializada em consultoria empresarial e auditoria. O estudo aponta para um cenário de grandes expectativas: espera-se que as finanças integradas conquistem significativamente mais espaço nos setores de varejo, bens de consumo e outros serviços. Somados, hoje eles já são responsáveis por mais de 35% do PIB brasileiro.
A estimativa é de que, até 2026, os serviços viabilizados pelo embedded finance gerem uma receita de até R$ 24 bilhões para os segmentos mencionados, movimentando também outros setores, como logística, telecomunicações e educação.
Isso tudo se deve ao refinamento de tecnologias que têm propiciado aos mais diversos players a possibilidade de atuação como Sociedades de Crédito Direto (SCDs) ou Instituições de Pagamento (IPs). Há ainda os que preferem comprar fintechs já munidas de todas as licenças necessárias para esse tipo de atividade.
Mais do que eficiente para a geração de receita, a onda de “fintechzação” é também positiva para a descentralização de processos econômicos que, em outros tempos, ficavam limitados às órbitas dos bancos. Agora, produtos e serviços que antes dependiam diretamente da bancarização estão disponíveis para públicos mais amplos por meio das finanças integradas, o que vem tornando o sistema financeiro mais acessível.
Segundo o relatório da Deloitte, com o embedded finance, “as empresas de varejo e a indústria de consumo passam a ofertar emissão de boletos, antecipação de recebíveis, gestão de caixa, conta investimento e outros produtos que permitem maior eficiência interna e/ou novas fontes de receita”.
Esse movimento é também o responsável por estimular o nascimento de novos modelos de negócio, que vêm “melhorando a experiência atual dos consumidores e disruptando modelos antigos com novas ofertas de valor, promovidas tanto pelo aporte tecnológico quanto pelos benefícios de se ofertar serviços financeiros embutidos”, aponta o estudo. É, portanto, uma tendência que vem para transformar os laços que as companhias estabelecem com seus consumidores.
Em uníssono com o relatório da Deloitte, as previsões da alemã Mambu, fornecedora de infraestrutura para bancos e prestadores de serviços financeiros, também demonstram as tendências de crescimento do embedded finance em 2023. Segundo o estudo, esse avanço se deve à capacidade das finanças integradas de oferecerem “soluções inovadoras, convenientes e de baixo custo”.
De fato, tudo indica que o mundo seguirá assistindo à concretização cada vez mais evidente daquilo que Bill Gates previa em 1994: “O banking é necessário, os bancos, não”. É possível conferir em detalhes o estudo da Deloitte clicando aqui. O levantamento da Mambu pode ser baixado aqui.