Tudo indica que o modelo “as a Service” veio para ficar. Especialmente relevante no universo financeiro por meio do Banking as a Service (BaaS), o crescimento dessa modalidade reflete a tendência da nova economia de transformar produtos em serviços e digitalizar cada vez mais processos.
Segundo dados da Future Market Insights – uma das maiores agências de pesquisa do mundo – o mercado de Banking as a Service deve ser responsável por movimentar US$ 12,2 bilhões até 2031, com uma taxa média de crescimento de 15,7% ao ano. As altas expectativas vêm do imenso potencial oferecido pelo BaaS, tecnologia que permite a integração de funcionalidades bancárias ao leque de serviços de empresas diversas, sejam elas do universo financeiro ou não.
Essa forma de acesso ao ecossistema financeiro pode, inclusive, tornar obsoleta a bancarização tradicional. É nisso que acreditam 51% dos líderes corporativos europeus, segundo uma pesquisa divulgada recentemente. O estudo foi conduzido pela Vodeno, companhia provedora de BaaS, e pelo banco digital Aion.
As instituições entrevistaram mais de 1000 responsáveis por empresas de grande relevância em 3 dos maiores mercados bancários da Europa: Bélgica, Holanda e Reino Unido. A opinião majoritária entre as lideranças é de que o Banking as a Service será responsável pelo fim do sistema bancário tradicional. Além disso, 56% dos entrevistados afirmaram que a crise do custo de vida tende a impulsionar ainda mais a adoção crescente do BaaS.
Uma boa parte dos líderes consultados (39%) disse já ter adotado a modalidade de Banking as a Service em suas empresas. Entre os casos de uso mais relevantes, estão as funcionalidades de BNPL (Buy Now, Pay Later) e câmbio. Outros levantamentos realizados pela Vodeno e pelo Aion demonstraram as principais razões que têm levado as companhias a optarem pelo BaaS: 41% delas buscavam aumento no fluxo de receita e 40% foram motivadas pelo desejo de fidelizar mais clientes.
Nas palavras de Wojciech Sobieraj, CEO da Vodeno, “o banking como plataforma – modelo em que os produtos financeiros são embutidos na jornada do cliente de marcas que as pessoas usam cotidianamente – é o futuro. Sabemos que as empresas que se interessam pela implementação do BaaS também querem produtos e serviços descomplicados, com as tecnologias, licenças e verificações regulatórias necessárias, tudo em uma única solução. Em entrevista para a Fintech Magazine, Sobieraj reforçou a facilidade e a personalização propiciadas pelo Banking as a Service: “as empresas já não precisam depender de um provedor terceirizado para oferecer essas soluções. É possível construí-las de forma autônoma com as ferramentas de BaaS”.
Vale salientar, entretanto, que o caminho para a difusão do BaaS não é livre de obstáculos. No estudo da Vodeno e do Aion, 29% dos entrevistados afirmaram que ainda não há muito conhecimento acessível acerca dos produtos disponíveis na modalidade. Além disso, 24% acreditam que os provedores de BaaS precisam investir mais no entendimento da jornada do cliente, visando a criação de experiências de checkout inovadoras.
Não é só na Europa que as funcionalidades bancárias têm migrado para o modelo “as a Service”. Na verdade, essa é uma tendência que também se mostra cada vez mais relevante no Brasil, país que se destaca na adoção do Banking as a Service. De acordo com dados do instituto de pesquisa Introspective Market Research (IMR), 73% do mercado de BaaS da América do Sul é representado pelo Brasil. Só em 2021, isso gerou uma receita de quase US$ 1.4 bilhão.